O recente anúncio da parceria entre Nokia e Microsoft é um prato cheio para especulações de mercado. As empresas bolaram uma estratégia para que ambas pudessem avançar no setor de telefonia móvel. E, segundo o gerente de pesquisa para dispositivos de consumo da IDC Brasil, Luciano Crippa, os concorrentes das duas gigantes não devem subestimar o poder de fogo dessa aliança.
De acordo com o analista, o ambiente Microsoft munido da penetração da marca Nokia são bastante relevantes no mercado. Portanto, ele considera que a aliança entre as empresas tem tudo para dar certo. Obviamente ainda é cedo para afirmar com certeza, mas Luciano acredita que se as companhias ficarem atentas a alguns pontos, o resultado pode ser bastante positivo.
Talvez a questão mais relevante seja a rápida resposta aos consumidores. “Elas devem mostrar as novidades para os usuários o quanto antes para não esfriar a parceria”, explica o analista. Outro ponto é criar uma comunidade de desenvolvedores de aplicativos para trabalhar em conjunto. Segundo Crippa, atualmente o que define o sucesso de um smartphone é a tela touch screen, integração com rede social e bons aplicativos de entretenimento. Por isso, ele acredita que esses precisam ser os alvos das aliadas.
Além disso, ele considera que a estratégia de apostar nos mercados emergentes, como o Brasil, é inteligente. Os países têm um potencial enorme de migração dos celulares para smartphones. No mercado brasileiro, por exemplo, de toda a base de telefones móveis só 10% são smartphones.
No entanto, Crippa adverte que negligenciar mercados maduros seria um erro. Portanto, Estados Unidos e Europa também devem ser alvo da aliança, mesmo que a população tenha acabado de migrar para novos aparelhos com iOS 4 e Android 3.0.
O analista diz que, por outro lado, a Apple e a Google não são inocentes e já devem estar preparadas para o ataque. As concorrentes são mais maduras e já têm sistemas operacionais estabilizados, o que as favorece.
No mais, o analista acredita que usuários do mundo todo podem gostar da ideia de ter um aparelho fabricado pela Nokia rodando o sistema Windows, que já é conhecido e comum a todos. Talvez a comodidade de ter a integração do desktop e dispositivo possa ser atraente para o usuário habituado ao PC. “Por mais que a Microsoft tenha corrido um risco de escolher apenas um fabricante para a parceria, ele foi calculado e, se for organizado, poderá ser um tiro certeiro”, conclui Luciano.